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Perdas e Danos

Chuva causa primeiras perdas de 2018

Clima impacta 14% de perdas na produção de feijão, dificulta manejo de pragas e doenças na soja e no milho e pressiona janelas de plantios da segunda safra

Publicado em 29/01/2018 às 23:06

o tempo tem atrapalhado a colheita da soja no paraná

O excesso de chuvas gerou uma redução de 14% na produção estimada para primeira safra de feijão no Paraná e passou a ameaçar as culturas de soja e de milho. O clima está úmido e com pouca luminosidade há 40 dias, o que atrapalha a entrada do maquinário no campo para a colheita ou o combate a pragas e doenças, além de prejudicar o desenvolvimento das plantas. Por fim, há atraso que aperta as janelas de plantio nos períodos de melhores condições da segunda safra para o feijão e o milho. 

Não há perdas confirmadas em relação ao milho e à soja. Porém, houve disparada no número de casos registrados de ferrugem asiática no Paraná, com 104, de acordo com o Consórcio Antiferrugem. É mais do que os 85 de toda a safra anterior. Outros problemas encontrados foram o abortamento de vagens e maior incidência de pragas como a lagarta e o percevejo na soja, além da perda de produtos aplicados sobre o milho, que são levados pela chuva. 

O economista Francisco Simioni, chefe do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento), afirma que é preciso lembrar que a safra anterior foi "extraordinária" em praticamente todas as culturas, justamente pelas boas condições climáticas. Mesmo assim, diz que o agronegócio passará por momentos de apreensão nas próximas semanas. "Ao menos 30% da área plantada de soja ainda precisam de luminosidade boa e de um tempo bem equilibrado para termos a produtividade média de 3,5 mil quilos por hectare", diz. 

Simioni se adianta em dizer que não é possível falar em quebra de safra, mas em perdas de produtividade e de qualidade, até o momento. Sobre as culturas de segundo ciclo, ele considera apenas os prazos "mais apertados". "O clima ainda não permitiu que o plantio da segunda safra de feijão deslanchasse como em 2017, mas esses produtores são altamente profissionalizados porque buscam ganhos em 90 dias. Pode ser que gere uma pressão sobre o milho, que tem uma janela curta", cita. "Mas vamos ter cautela até o relatório do Deral de 21 de fevereiro", completa o chefe do órgão. 



Perdas pontuais 
Para o professor de economia Eugenio Stefanelo, da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e da FAE, as perdas são pontuais, ainda que exista uma dificuldade maior no combate a pragas e doenças. "No caso específico da soja e do milho, a falta de luminosidade pode alongar o desenvolvimento da planta e atrasar o plantio da segunda safra, além de o excesso de chuvas levar ao abortamento de vagens, principalmente na parte inferior da planta." 

Stefanelo lembra que as previsões meteorológicas indicavam um fenômeno La Niña com moderação, com seca no fim do ano e dois veranicos, um em novembro e outro em fevereiro. "O primeiro não ocorreu e houve excesso de chuvas, que afirmam que pode continuar nos próximos dias, então ainda nos preocupa um pouco", diz. "Pelo menos tem de ser possível entrar com a máquina um dia ou outro para fazer os tratos culturais e o plantio", complementa. 

De acordo com o Simepar (Serviço Meteorológico do Paraná), devem ocorrer pancadas de chuva em todo o Estado até quinta-feira, 1º, quando o clima ficará entre ensolarado e nublado. A tendência é de tempo seco ao menos até o fim da semana que vem. 

Prejuízo 
A safra de grãos de verão terá volume 10% menor no ciclo 2017/18 ante 2016/17, com um total de 22,7 milhões de toneladas (t), conforme o Deral. Apesar da redução na área plantada de milho de 35% entre os dois períodos, a produtividade também deve ser menor e deve implicar em redução de 39% na cultura em 2017/18, devido às piores condições climáticas em relação a 2016/17. 

Os produtores de feijão já aparecem como mais prejudicados. Há relatos de perdas pontuais que chegam a 40% em propriedades do Sudoeste e do Centro-Oeste do Estado, mas a média de recuo ficou em 14% m relação a 2016/17. Serão 317 mil t ante as 368 mil da safra anterior. 

Isso porque as duas principais regiões produtoras tiveram perdas menores. Houve recuo de 13% no Sul, que responde por 80% de todo o feijão plantado no Paraná, e de 7% no Norte, que garante outros 11% do grão. 

Câmbio anula alta da cotação 

Muito esperado pelos produtores rurais, o aumento das cotações internacionais de grãos apareceu neste início de ano, mas foi praticamente anulado pelas seguidas desvalorizações do dólar no País. Assim, aqueles que ainda estocavam a safra em busca de lucratividade maior seguem à espera de um fenômeno que possa mexer com o mercado. 
"Essas elevações refletiram a preocupação com a seca na Argentina e em parte do Rio Grande do Sul, além do excesso de chuvas do norte do Rio Grande ao Paraná", diz o professor de economia Eugenio Stefanelo, da UFPR (Universidade Federal do Paraná) e da FAE. "Isso também se deve à queda do dólar, que baixou por conta do resultado do julgamento do ex-presidente Lula e fez com que os valores em reais quase não se mexessem", completa. 
Mesmo assim, os analistas não esperam grandes variações nas próximas semanas. "Não temos por hábito interferir na comercialização, que é particular de cada produtor, mas os estoques de milho e soja estão razoáveis no mundo", diz o economista Francisco Simioni, chefe do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento). 
Simioni lembra que a média da saca de soja chegou a R$ 65 em dezembro, mas que houve leve retração no início deste ano na moeda brasileira. No entanto, a saca voltou a subir na segunda-feira, 29, e ficou em R$ 67, porém, recuou novamente em dólar. "Existe uma indefinição no mercado sobre a safra da América do Sul e o produtor fica retraído, mas é preciso atenção, porque não vejo espaço para uma subida abrupta", diz. (Fábio Galiotto),Reportagem Local.

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