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UMUARAMA

Após perder filho, nora e netas, pai lida com dor fazendo e doando brinquedos

Quase cem brinquedos foram produzidos, e nesta semana, alguns já foram levados para creches da Capital da Amizade

Publicado em 10/10/2019 às 03:00

André Afonso Rosa, de 74 anos, tem amostras de seus brinquedos no trabalho, onde eles são apresentados com todo carinho a clientes (Foto: Portal da Cidade de Umuarama)

Há cerca de um ano, a vida do gerente de almoxarifado André Afonso Rosa, de 74 anos, é permeada de saudade, resiliência e um desejo de que ninguém mais viva o luto que ele passou ao ter que se despedir para sempre do filho, nora e duas netas, vítimas de acidente de trânsito.

Por ironia da vida, uma atitude nascida do desejo de agradar a neta Poliana Afonso Siqueira, de 9 anos, morta no acidente, ajudou o senhor André a lidar com a grande perda e a criar um belo gesto de amor por outras crianças que ele nem conhece. “Há quatro anos eu construí uma cadeira de madeira para bonecas para a minha neta e de lá para cá, a iniciativa tomou forma e hoje faço os brinquedos para doar”, comentou.

Pela beleza e nostalgia que os brinquedos provocam, muitas pessoas realizam pedidos

O gerente de almoxarifado confessa que pensou em desistir da construção dos brinquedos após a morte da neta, entretanto, hoje ele acredita que a insistência em meio a revolta o ajudou a superar um pouco a dor de ter perdido tantas pessoas que ele amava. “Decidi continuar em homenagem a minha neta e a construção dos brinquedos se tornou uma terapia”, ressalta o marceneiro nas horas vagas.

E também com todo o apoio afetivo da esposa, de um filho, nora, neta e de um neto para continuar o trabalho, o senhor André passa noites e fins de semanas construindo brinquedos e cadeiras de madeira para doar a creches de Umuarama. Todo ano, na semana próxima ao Dia das Crianças, três estabelecimentos educacionais são escolhidos para receber as doações.

Próximo ao Dia das Crianças a casa do senhor André fica repleto de brinquedos destinados à doação

Para este ano, quase cem brinquedos foram produzidos e nesta semana, alguns já foram levados para as creches escolhidas. “Muita gente se encanta com os brinquedos, me faz pedidos, mas apesar do pouco tempo que tenho para fazê-los, entre outras dificuldades, eu não devo parar com a construção”, confessou.

Pela beleza e nostalgia que os brinquedos provocam, muitas pessoas realizam pedidos que estavam totalmente esquecidos na era digital. “Uma pessoa me pediu para fazer um carrinho com rodas de carretel [de linha], mas acho que nenhuma criança faz ideia do isso seja”, disse, em meio a risos, sempre presentes, como mesmo confirmam os amigos de trabalho do homem que apesar da experiência traumática faz muita criança feliz no dia que é dedicado a elas.

Gerente de almoxarifado confessa que pensou em desistir da construção dos brinquedos após a morte da neta

(Foto: colaboração)

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