Foram quatro horas de um procedimento minucioso no centro cirúrgico do Hospital Cemil, que na madrugada desta sexta-feira teve a primeira captação de ossos longos de Umuarama e região. A família da doadora também autorizou a extração de córneas.
O Paraná tem registrado um aumento considerável no volume de captações de órgãos, tanto que lidera o ranking nacional. A retirada de ossos segue uma linha de crescimento, mas o número ainda é baixo se comparado com outras partes do corpo humano, como rim e fígado.
Há uma maior resistência dos familiares, mas felizmente não foi o que aconteceu no Cemil, após o acolhimento e abordagem dos profissionais. O gesto nobre e solidário dos parentes foi aclamado pelo grupo envolvido no procedimento, realizado após a conclusão do protocolo de morte cerebral da paciente. Ela sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico.
“O Paraná tem fila de pacientes com perda óssea, provocada por tumores, acidentes ou desgaste, no caso de esportistas. Por isso a importância do procedimento realizado com sucesso no Cemil, que assume posição de pioneirismo na região”, disse o médico João Jorge Hellú, superintendente da Associação Beneficente São Francisco de Assis, mantenedora do hospital.
O anestesista Rafael Sandri Hellú, que integrou a equipe durante a madrugada, explicou que, em muitos casos, há resistência da família em doar os ossos do paciente falecido. “Infelizmente a recusa por esse tipo de doação chega a 50% entre os possíveis doadores. O maior empecilho é o desconhecimento da população sobre os benefícios que esse gesto pode trazer para os doentes”.
Uma equipe do Banco de Tecidos da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica), de Curitiba, veio a Umuarama para ancorar os trabalhos, em parceria com os profissionais locais.
