A greve dos caminhoneiros, que começou em 21 de maio e durou
11 dias, afetou as exportações do país no período. A média diária de produtos
vendidos ao exterior, que nas três primeiras semanas do mês ficou acima de US$
1 bilhão, caiu para US$ 642 milhões na última semana do mês, que terminou na
última quinta-feira (31).
Na semana entre o dia 21 e 27, o volume exportado também
sofreu queda significativa, para uma média diária de US$ 699 milhões. Por causa
desses efeitos, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC)
informou, na sexta-feira (1º) que a queda no ritmo das exportações foi, na média,
de 36% no período.
No entanto, considerando todo o mês de maio, o saldo da
balança comercial foi positivo em US$ 6 bilhões. "Houve uma
queda generalizada entre os setores, com diferentes efeitos dependendo do modal
utilizado para o produto", explicou Herlon Brandão, diretor de
estatísticas e apoio às exportações da Secretaria de Comércio Exterior do MDIC.
No caso dos bens manufaturados, como aviões e automóveis, a
queda nas exportações foi de 46%, seguida pela venda de bens semimanufaturados,
como celulose, ferro e aço, em que o recuo foi de 37%. A queda dos produtos
básicos, como soja, minério de ferro e petróleo cru, foi menor, de 31%."Produtos como petróleo, embarcado diretamente no mar, e
minério de ferro, que usa o modal ferroviário, foram menos afetados.
Boa parte do escoamento da soja foi garantido por estoques
existentes nos portos", afirmou Herlon, ao exemplificar porque os produtos
básicos foram menos afetados pela greve dos caminhoneiros. O diretor ressaltou,
no entanto, que os efeitos de redução do fluxo de comércio durante a
paralisação dos transportadores ainda "poderão ser sentidos no
tempo", já que muitas empresas interromperam a produção no período.
As importações também foram afetadas em 26%. Saíram de uma
média de US$ 703 milhões, nas três primeiras semanas do mês, para US$ 516
milhões, nas duas últimas semanas. Herlon garantiu que, apesar da acentuada
incidência da greve dos caminhoneiros sobre o fluxo de comércio em maio, o
governo não deve alterar a previsão atual de saldo na balança comercial do ano,
que é de cerca de R$ 50 bilhões. "Essas duas semanas não são suficientes
para comprometer o resultado esperado do ano, com crescimento nos dois
fluxos".
Balança comercial
Ao longo de maio, o país exportou US$ 6 bilhões a mais do
que importou, queda de 21% em comparação ao resultado positivo de US$ 7,66
bilhões em maio de 2017. Mesmo assim, de acordo com o ministério, foi terceiro maior
saldo comercial para maio desde o início da série histórica, que começou em
1989.
Um dos destaques foi a soja, que bateu recorde
histórico de exportação no período, com embarque de 12 milhões de toneladas. No
acumulado do ano, o produto, que é líder na pauta de exportações do país,
também acumula recorde de 36 milhões de toneladas embarcadas, o melhor
desempenho da série histórica.
Em termos de importação, o crescimento em maio foi de 14,5%
em relação ao mesmo mês de 2017. "É o décimo mês consecutivo de importação
de bens de capital, que em maio tiveram crescimento de 30% e no acumulado de
janeiro a maio deste ano, já cresceu 25%.
A economia cresce mais esse ano, então demanda insumos e
bens de capital do exterior aumenta", avaliou o diretor do MDIC. Os bens
de capital são máquinas e equipamentos usados na produção. Entre os principais
bens importados no período estão aviões, centro de usinagem, veículos
de carga, aparelhos elevadores e motores elétricos. No acumulado do ano, o
saldo da balança comercial brasileira registra superávit de US$ 26,1 bilhões,
com exportações totais de US$ 93,6 bilhões e importações de US$ 67,5 bi.